Quando ouvia pessoas afirmarem que estavam passando por um deserto, sempre era em um contexto de que elas não estavam mais ouvindo de Deus, ou estavam passando por conflitos que não sabiam por que, ou simplesmente estavam suportando uma grande onda de problemas. Eu acho que não compreendia totalmente a função disso, mas fazendo a minha devocional, sobre a história da saída do povo de Israel do Egito em Êxodo 13 e 14, percebi o deserto de uma forma diferente do que costumava ouvir.
Vamos lembrar um pouco da história:
O povo de Israel estava saindo de um lugar, que apesar de ser totalmente cruel e que os escravizava, era algo conhecido e previsível pra eles. Era duro mas “seguro”. Deus deu uma ordem: o povo tinha que sair do Egito, confiar na direção que ele estava dando e confiar no homem que ele tinha escolhido para esse livramento. Isso lembra bastante o que Deus pediu de Abraão em Gênesis 12:
“Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei”.
Ele também saiu de uma condição de aparente segurança para se lançar nas promessas de Deus. Em Êxodo, Deus ouviu o clamor de seu povo e providenciou libertação. Mas havia uma condição: tanto para o povo de Israel quanto para Abraão a condição era a total dependência ao Senhor, total confiança.
Tanto que, no versículo 17 no capítulo 13 vemos que Deus os guiou por caminhos imprevisíveis, eles realmente tinham que confiar, mesmo que as circunstâncias parecessem totalmente erradas. Ao invés de ir pelo caminho mais curto, foram pelo deserto dando a volta, e se depararam com o Mar Vermelho bem na frente deles.
Mas ao contrário do que tenho ouvido sobre desertos, Deus estava bem presente, dando provisão constante.
“Durante o dia o Senhor ia adiante deles, numa coluna de nuvem, para guia-los no caminho, e de noite, numa coluna de fogo, para ilumina-los,” Ex.13:21.
A todo momento, o povo reclamava de alguma coisa, ou precisava de alguma coisa, e Deus imediatamente provia. Acho que é um dos textos onde o povo esteve mais perto e íntimo de Deus, onde ele direcionava claramente, mas havia um problema: era preciso confiar em sua direção. Não é uma condição natural do homem depender totalmente e não tomar suas próprias decisões. Nossa tendência é resolver a situação por nós mesmos e não depender que outro resolverá, ou ficarmos esperando por isso até que aconteça.
O deserto, trazendo para os dias de hoje, é um momento de provação do Senhor, uma oportunidade para dependermos de Deus. Nesse momento, é ele quem dá a direção. Ele nos diz para irmos, darmos o passo de fé, e quando damos, temos que mergulhar nesse tempo de inteira confiança e dependência dele, ouvi-lo atentamente, vê-lo a nossa frente em todas as situações. Nós não controlamos mais o que acontece. Seguimos sua direção mas não temos controle sobre isso. E é por isso, quando perdemos o foco em Deus nesse deserto que começamos a vagar por caminhos que Ele não direcionou. Ao manter o foco em Deus, conseguimos ir pelos caminhos certos, pelas provas certas e crescemos. Quando desviamos o foco, passamos por situações, ansiedades, sensações que não deveríamos.
Mas o propósito maior, e o que temos que ter em mente é que, mesmo em um deserto, é melhor estar no centro da vontade de Deus e como ele mesmo disse em sua palavra:
É para isso! Tudo o que acontece na vida daqueles que amam a Deus, é para que seja dada a Glória a ele, que ele seja glorificado. E não somente isso:
“Israel viu o grande poder do Senhor contra os egípcios, temeu o Senhor e pôs nele a sua confiança, como também em Moisés, seu servo” Ex.14:30,31.
Se nos mantivermos no centro da vontade de Deus podemos aproveitar a oportunidade de crescermos espiritualmente e irmos para um novo nível de intimidade com Deus. Mas temos que manter o foco nele, e não nas circunstâncias.
